Coronavírus: Vacinas velhas, vírus novo!

Vacina candidata contra a Covid-19, do tipo mRNA, é apresentada em coletiva de imprensa na TailândiaVacina candidata contra a Covid-19, do tipo mRNA, é apresentada em coletiva de imprensa na Tailândia | ATHIT PERAWONGMETHA

Estratégias erradas

Estratégias para “melhorar” o seu sistema imune costumam inundar as redes sociais, com conselhos que incluem chazinhos, ervas, vitaminas e suplementos. Em geral, essas coisas não servem para nada. Médicos e cientistas costumam explicar que a única coisa capaz de ativar o sistema imune — além de comer e dormir bem, e praticar exercícios — é vacina. Essa velha verdade pode ganhar outra conotação agora.

Como o organismo reage

O organismo reage de duas formas quando exposto a um invasor. A primeira resposta é a imunidade inata. Nascemos com ela. Quando um vírus ou uma bactéria bate à porta, células do sistema inato partem para o ataque. Esse sistema é genérico, não cria memória. A resposta adaptativa chega em seguida. É mais direcionada. Vai montar uma resposta sob medida para aquele invasor específico, gerando anticorpos feitos para neutralizá-lo e marcá-lo para destruição.

Essa resposta cria memória: da próxima vez que formos invadidos por um microrganismo assim, o corpo saberá reagir. É por causa da resposta com memória que só pegamos doenças como sarampo e catapora uma vez.

Quando desenhamos uma vacina, procuramos ativar a imunidade adaptativa, gerando uma boa quantidade de anticorpos. Mas algumas vacinas têm bônus: ativam também a reposta inata. Esse fenômeno é mais observado em vacinas feitas com vírus atenuados ou enfraquecidos. São as chamadas “vacinas de vírus vivos”, porque os vírus ali não são capazes de causar doença, mas podem se replicar.

Vários estudos perceberam esse efeito sobre o sistema inato em vacinas como BCG, pólio oral (Sabin, ou OPV) e sarampo. Além de proteger para a doença alvo, acabaram protegendo as crianças de outras doenças, por tabela. Esse efeito cruzado pode até ser uma possível explicação da menor incidência da Covid-19 em crianças. As vacinas da infância podem ter deixado o sistema imune inato dos pequenos mais “alerta”.

A BCG, utilizada para prevenção da tuberculose, já se mostrou útil como um ativador de sistema imune para tratar câncer de bexiga, e há boas evidências de que ativa células do sistema imune inato em camundongos. Já para a vacina oral da pólio , observamos correlação com mortalidade infantil reduzida em países na África, menos doenças respiratórias em crianças na Dinamarca, e diminuição da incidência de diarreia infantil em Bangladesh.

 

De olho nesse efeito, cientistas pesquisam o uso de vacinas de vírus vivo — outros vírus, não o SARS-CoV-2 — como proteção contra a Covid-19. Há 16 estudos registrados para BCG, e um grupo liderado por Robert Gallo, um dos descobridores do HIV, pretende verificar se a vacina da pólio protege contra coronavírus comuns, de resfriado simples, para provar o conceito.

A vantagem de usar qualquer uma dessas vacinas vivas é que elas já existem. Estão prontas, aprovadas, são seguras. Não substituirão uma vacina específica para Covid-19. Mas podem dar uma forcinha para o sistema imune, principalmente de profissionais de saúde, muito expostos ao novo vírus.

Por Natalia Pasternak

Fonte: O Globo

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